Coito programado: Como aumentar minhas chances de ter filhos?
Postado em: 16/11/2020
Estima-se que cerca de 15% dos casais em idade reprodutiva sejam inférteis, muitos casais tentam meios naturais de engravidar porém, sem sucesso.
Felizmente, os avanços da medicina oferecem métodos para auxiliar os casais que querem ser pais, como a fertilização in vitro, inseminação artificial ou o coito programado, conhecido como namoro programado ou relação sexual programada. Sendo este último, uma das maneiras mais simples para tentar a gravidez.
Coito programado
O coito programado ou relação sexual programada consiste na indução de ovulação, estimulando os ovários com medicamentos, por via oral ou injetável subcutânea.
Com o acompanhamento por ultrassom transvaginal, sabemos quando a mulher vai ovular e podemos programar a relação sexual para os dias férteis, aumentando as chances de fecundação do óvulo.
A técnica foi criada na década de 60 e já está disponível no Brasil desde a década de 70, sendo considerado um dos métodos de reprodução humana mais antigos da história.
Como funciona?
Para aumentar as chances de gravidez, a mulher é medicada por via oral ou subcutânea com substâncias que atuam diretamente ou indiretamente nos folículos ovarianos, estruturas que contém os óvulos.
Iniciará a indução da ovulação a partir dos primeiros dias da menstruação (3° ao 5°). Durante esse processo, ela é acompanhada por um especialista, que observa o crescimento folicular através da ultrassonografia.
Quando o folículo está do tamanho adequado, com cerca de 18 mm, a mulher recebe uma dose de hormônio hCG (Ovidrel, Choriomon-M), que estimula a ovulação após cerca de 40 horas. Assim, o especialista orientará as relações sexuais nessa fase de maior chance de sucesso, totalizando cerca de 4 relações.
Depois de 15 dias da relação sexual programada, a mulher é submetida ao teste de gravidez para saber se o beta HCG está positivo, o que demonstra a implantação do embrião. Caso consiga engravidar, deve começar o pré-natal, do contrário, pode tentar novamente na próxima menstruação.
Orienta-se repetir o tratamento até 3 vezes, ou mais em casos selecionados, mais que isso, a chance de gravidez cumulativa geralmente não aumenta. É o momento de se programar outro tratamento mais eficiente, como a fertilização in vitro.
Quem pode realizar o tratamento?
A relação sexual programada não é eficaz para todo casal, é indicado apenas para casos nos quais a mulher tenha problemas com a ovulação, mas em que os exames dela e de seu parceiro estejam normais. É importante ter tubas uterinas e espermograma normais, a idade materna também é decisiva para o sucesso.
A avaliação da indicação ou não do método é feita mediante a análise dos exames das tubas uterinas por histerossalpingografia e cromotubagem e do sêmen por espermograma com morfologia estrita e índice de fragmentação do DNA espermático, além do histórico da regularidade dos ciclos menstruais da mulher.
Medicação
Os remédios orais são utilizados por cinco dias consecutivos. Já as injeções são aplicadas por dez dias consecutivos em média, podendo variar entre 8 a 12 dias, de acordo com o ciclo menstrual da mulher.
A aplicação da injeção é subcutânea e pode ser feita na região mais gordurosa da barriga ou da coxa, por exemplo, pela própria paciente ou pelo parceiro, já que o processo não é doloroso.
Qual é a taxa de sucesso do tratamento?
A taxa de eficácia desse método gira em torno de 12 a 15%. Isso porque, na relação sexual programada, são utilizados os óvulos da mulher, dessa forma, sua idade interfere no sucesso, pois após os 35 anos as chances de gravidez reduzem, uma vez que os óvulos também envelhecem.
Se o método não se mostrar eficiente, o casal pode tentar outras técnicas com taxas de sucesso mais altas, como é o caso da fertilização in vitro.
Tratamento oferece risco para a mulher?
O principal risco está relacionado à gestação múltipla. Como se estimula mais de um folículo, pode acontecer uma gestação gemelar, ou seja, tri, quadri ou mais, o que pode levar a um parto prematuro, restrição de crescimento fetal, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, entre outros.
Outro risco é a Síndrome da Hiperestimulação Ovariana (SHO), quando a produção de estradiol aumenta muito por conta da resposta exagerada dos ovários. Esse fato pode ocasionar inchaço, ascite (líquido no abdômen) e trombose, em especial se acontecer a implantação do embrião.
Mas, vale lembrar que esse risco é baixo quando acompanhado por um especialista. Já ouviu em histórias de mulheres que tomaram um indutor da ovulação por conta própria e engravidou de trigêmeos ou mais? Isso ocorre porque, sem acompanhamento, é muito difícil saber quando há uma resposta anormal aos medicamentos.
Apesar disso, o coito programado pode ser a solução para as mulheres que apresentam um ciclo menstrual irregular, como nos casos de Síndrome dos Ovários Policísticos.
É preciso alertar, contudo que, embora os medicamentos orais para a estimulação da ovulação sejam encontrados em farmácias, é necessário que a mulher faça o tratamento com um especialista, pois ela pode se expor a complicações e a riscos maiores quando se automedica.
Preparação
Toda mulher que deseja engravidar precisa ter cuidados anteriores à gestação, como estar com o peso correto, ter as vacinas em dia, evitar excessos de bebida alcoólica, não fumar, usar ácido fólico e controlar doenças crônicas como diabetes e hipertensão.
Cuidados
Para ter mais chances de sucesso, é preciso utilizar os medicamentos de indução nos horários corretos, principalmente no caso dos injetáveis.
Contraindicações
O tratamento como um todo tem as mesmas contraindicações de uma gravidez natural. Mulheres com doenças que podem ser potencializadas durante a gestação, como doenças cardíacas e renais, que tenham distúrbios genéticos e doenças infecciosas que podem ser transmitidas aos filhos, devem evitar a gravidez.
O uso dos medicamentos para indução de ovulação é contraindicado para mulheres com câncer ovariano, uterino ou mamário, doenças crônicas no fígado e tumores do hipotálamo ou da glândula pituitária.
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Artigo escrito pela Dra. Tânia Schupp
Especialista em ginecologia, obstetrícia, medicina fetal e reprodução humana