O climatério é a fase de transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da mulher. Nesta época ocorre a falência funcional ovariana e, consequentemente, a diminuição da secreção de hormônios sexuais.
O diagnóstico da menopausa é confirmado após o período de amenorreia (ausência de menstruação) igual ou superior a 12 meses. A última menstruação da vida de uma mulher ocorre, em condições normais, entre 40 e 55 anos de idade, sendo a média da mulher brasileira, em torno de 50 anos. Mas existem variações entre diferentes raças, tendo interferências de fatores regionais, ambientais e comportamentais, como o tabagismo. Este é um evento fisiológico e inevitável em todas as mulheres.
Este período é acompanhado por modificações endócrinas, biológicas, clínicas e psicológicas. A queda na produção de estrogênio pelo ovário pode afetar o cérebro, o esqueleto, o tegumento e os sistemas urogenital e cardiovascular.
Se a menopausa ocorrer antes dos 40 anos é chamada de menopausa precoce, necessitando de investigação diagnóstica e de tratamento adequado.
A transição menopausal é caracterizada pela irregularidade do ciclo menstrual, que inicialmente passa a ser curto e, em seguida, longo, e o padrão do fluxo menstrual também pode variar, sendo comum ocorrer sangramento aumentado devido à variabilidade hormonal e ovulação inconstante. O climatério tem duração média de 2 a 3 anos.
A menopausa pode ser acompanhada de sintomas como fogachos (ondas de calor), suores noturnos, insônia, secura vaginal, dores articulares e alterações do humor. Na maioria das vezes, tais sintomas têm duração limitada, mas uma parcela considerável de mulheres sofre com eles por até 5 anos ou mais. Apenas 15% das mulheres não apresentam sintomas no climatério.
Os fogachos são referidos por 80% das mulheres. Cada episódio dura aproximadamente de 2 a 4 minutos e ocorre diversas vezes no decorrer do dia. É particularmente comum à noite, prejudicando a qualidade do sono e contribuindo para irritabilidade, cansaço durante o dia e diminuição na capacidade de concentração.
O sono sofre alteração em 50% das mulheres, com menor duração, aumento dos episódios de despertar noturno e menor eficácia do sono.
Sintomas depressivos ocorrem em 75% das mulheres, mas também é relatado quadros de labilidade emocional, melancolia, ansiedade, irritabilidade, baixa autoestima.
A síndrome giniturinária da menopausa (atrofia vulvogavinal) acomete 50% das mulheres na menopausa. É um quadro atrófico causado pelos baixos níveis estrogênicos e tem caráter progressivo, se o tratamento não for realizado.
Essas alterações resultam em vários sintomas: ressecamento, ardência, irritação, desconforto ou dor nas relações sexuais, urgência miccional, disúria, infecções recorrentes do trato urinário, piora da incontinência urinária preexistente. A vagina passa a ser mais curta e estreita, diminuindo suas rugosidades. A mucosa vaginal torna-se mais fina e a lubrificação resultante do estímulo sexual diminui. O pH vaginal está mais alcalino, reduzindo o número de lactobacilos e facilitando infecções.
A pele tem diminuição significativa de colágeno, tornando-se mais fina, menos elástica e mais enrugada. O cabelo passa a ser mais fino e pode aumentar o padrão de queda.
Como o estrogênio exerce efeitos positivos sobre o metabolismo ósseo, a chegada da menopausa pode agravar quadros de osteopenia ou osteoporose.
Na menopausa observa-se um aumento da adiposidade central (intra-abdominal), mudança do perfil lipídico e lipoproteico mais aterogênico, com aumento da concentração de colesterol total à custa da lipoproteína de baixa densidade (LDL), dos triglicérides e da redução de lipoproteína de alta densidade (HDL). Também se observa aumento de glicemia.
O diagnóstico de climatério é clínico, não havendo necessidade de dosagens hormonais para confirmá-lo quando há irregularidade menstrual ou amenorréia e quadro clínico compatível. Porém, níveis de FSH acima de 40 mUI/mL e estradiol menores do que 20 pg/ml são característicos do período.
A estrogenioterapia é mais segura em mulheres na perimenopausa ou nos primeiros anos após a menopausa. As candidatas à terapia hormonal devem ser saudáveis e apresentar baixo risco de doenças cardiovasculares. Os estrogênios não devem ser utilizados em mulheres com história pregressa de doença cardíaca isquêmica, acidente vascular cerebral, tromboembolismo, doença hepática em atividade e câncer de mama ou de endométrio.