Estratégias de preservação da fertilidade para mulheres com gestação de alto risco
Postado em: 14/04/2025
A Gestação de Alto Risco exige acompanhamento especializado, não apenas durante a gravidez, mas também no planejamento reprodutivo.
Mulheres com complicações obstétricas ou condições clínicas que aumentam os riscos de uma nova gestação podem se beneficiar de estratégias para preservar a fertilidade, garantindo maior segurança no futuro.
O congelamento de óvulos é uma opção eficaz para armazenar óvulos saudáveis e possibilitar uma gestação em momento mais adequado.
É indicado para mulheres com potencial de comprometimento da fertilidade após uma gestação de alto risco ou que precisem adiar a gravidez por motivos médicos.
Neste artigo, vou explicar quando a preservação da fertilidade é recomendada nesses casos e como funciona o congelamento de óvulos. Continue a leitura para saber mais.
O que caracteriza uma gestação de alto risco
Como ginecologista e especialista em medicina fetal, acompanho muitas mulheres com gestação de alto risco, caracterizada por maior chance de complicações para a mãe, o bebê ou ambos.
Essa condição pode estar relacionada a doenças pré-existentes, histórico obstétrico ou fatores fetais, e requer acompanhamento especializado. Entre os principais fatores associados à gestação de alto risco, destaco:
- Idade materna avançada (acima de 40 anos).
- Hipertensão arterial crônica e diabetes.
- Doenças autoimunes, como lúpus.
- Endometriose profunda.
- Gestações múltiplas.
- Histórico de prematuridade, abortos recorrentes ou restrição de crescimento fetal.
- Malformações uterinas ou cirurgias uterinas prévias.
Cada caso deve ser avaliado individualmente, pois mesmo gestações inicialmente consideradas saudáveis podem apresentar complicações inesperadas que impactam a fertilidade futura.
Como a gestação de alto risco pode afetar a fertilidade
Muitas mulheres associam a perda da fertilidade apenas ao envelhecimento ou a distúrbios da ovulação, mas algumas condições ligadas à gestação de alto risco podem comprometer a reserva ovariana e a saúde uterina de forma permanente.
A endometriose severa, por exemplo, pode levar à remoção parcial dos ovários ou dificultar a resposta à estimulação hormonal. Infecções uterinas graves ou a necessidade de uma histerectomia após complicações obstétricas podem impedir uma nova gestação.
Além disso, tratamentos como quimioterapia, uso de medicações gonadotóxicas e múltiplas cirurgias pélvicas também podem afetar a capacidade reprodutiva.
Por isso, é importante avaliar esses riscos com antecedência. O congelamento de óvulos é uma alternativa moderna e eficaz para preservar a fertilidade e garantir uma gestação futura com segurança.
Estratégias eficazes para preservar a fertilidade
A boa notícia é que a medicina reprodutiva oferece diversas estratégias para preservar a fertilidade feminina com segurança.
As opções variam de acordo com a idade, o histórico médico e os planos reprodutivos de cada paciente, e devem ser avaliadas de forma individualizada.
1. Congelamento de óvulos
É uma das técnicas mais eficazes, especialmente indicada para mulheres com boa reserva ovariana que ainda não desejam engravidar.
O processo envolve estimulação ovariana, seguida da coleta e congelamento dos óvulos, que ficam armazenados para uso futuro, no momento mais adequado para a paciente.
2. Congelamento de embriões
Recomendado para pacientes que já têm um parceiro ou que optam por fertilizar os óvulos antes do armazenamento.
Os embriões congelados apresentam altas taxas de sucesso em futuras transferências, sendo uma excelente alternativa em protocolos de fertilização in vitro (FIV).
3. Congelamento de tecido ovariano
Essa técnica, embora menos comum, pode ser uma alternativa em casos específicos, como em mulheres que precisarão passar por tratamentos oncológicos e não podem realizar a estimulação hormonal convencional.
O procedimento envolve a retirada e o congelamento de parte do tecido ovariano, com a possibilidade de reimplante futuro.
Embora ainda seja considerada experimental, principalmente em mulheres adultas, os resultados têm sido promissores, com recuperação da função hormonal e até gravidezes espontâneas relatadas após o reimplante.
4. Planejamento reprodutivo
Para mulheres com histórico de gestação de alto risco, o cuidado com a fertilidade deve ser feito de forma personalizada e multidisciplinar.
Isso inclui a avaliação da reserva ovariana, da saúde uterina, exames complementares — como perfil hormonal e testes genéticos — e a definição do melhor momento para novas tentativas, seja de forma natural ou com o suporte da reprodução assistida.
Quando conversar sobre preservação da fertilidade?
Sempre que houver uma condição que possa comprometer futuras gestações, o ideal é buscar orientação com antecedência. Essa conversa pode ocorrer:
- Antes de tratamentos médicos de risco, como cirurgias ou quimioterapia.
- Após uma gestação de risco, com repercussões sobre a saúde reprodutiva.
- Durante o planejamento do primeiro filho, em casos de doenças pré-existentes ou fatores que indicam risco elevado.
É comum que, após uma gestação desafiadora, algumas mulheres enfrentem obstáculos para engravidar novamente — situações que poderiam ser prevenidas com um planejamento precoce.
Como ginecologista especialista em reprodução humana, meu papel é oferecer uma orientação clara, acolhedora e baseada em evidências científicas, para que cada mulher tenha autonomia sobre sua saúde reprodutiva.
Preservar a fertilidade é garantir possibilidades, escolhas e o direito de decidir com tranquilidade sobre o próprio futuro.
Se você tem histórico de gestação de alto risco ou está em tratamento para condições que possam afetar sua fertilidade, agende uma consulta comigo.
Será um prazer avaliar seu caso com calma e, juntas, construir um plano que respeite sua história, seu tempo e seus desejos.
Dra. Tânia Schupp
Ginecologista Obstetra, Especialista em Medicina Fetal e Reprodução Assistida
CRM-SP: 81750 | RQE: 56376 / 563761 / 563762
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