Terapia hormonal como preparação para o congelamento de óvulos: o que você precisa saber

Postado em: 07/04/2025

O Congelamento de Óvulos, chamado também de criopreservação de oócitos, é uma das estratégias mais modernas e eficazes para a preservação da fertilidade feminina.

Terapia hormonal como preparação para o congelamento de óvulos_ o que você precisa saber

Esse procedimento permite que mulheres que desejam adiar a maternidade — seja por razões pessoais, profissionais ou de saúde — possam se planejar com mais autonomia, segurança e tranquilidade em relação ao futuro reprodutivo.

Uma etapa essencial desse processo é a estimulação ovariana, realizada por meio de uma terapia hormonal monitorada

O objetivo é estimular os ovários a desenvolverem múltiplos folículos em um único ciclo, possibilitando a coleta de um número maior de óvulos e, assim, aumentar as chances de um congelamento bem-sucedido.

Neste artigo, vou explicar em detalhes como funciona essa preparação hormonal, quais medicamentos são utilizados, como eles agem no organismo e o que você precisa saber para passar por essa etapa com clareza e confiança. Acompanhe!

Terapia hormonal: o primeiro passo para um congelamento eficaz

Quando atendo pacientes interessadas no congelamento de óvulos, explico que a estimulação ovariana é uma etapa fundamental para o sucesso do procedimento.

Em um ciclo natural, a mulher libera apenas um óvulo por mês. Porém, para aumentar as chances do congelamento, costumo coletar o maior número possível de óvulos maduros em um único ciclo – e isso só é possível com o uso da terapia hormonal.

Os hormônios administrados estimulam o crescimento simultâneo de vários folículos ovarianos, estruturas responsáveis por abrigar os óvulos.

Esse controle da resposta ovariana é crucial para otimizar os resultados, tanto no congelamento quanto em uma futura fertilização in vitro (FIV).

Quais medicamentos são usados e como funcionam

Durante a estimulação ovariana, utilizo medicamentos específicos, com doses e protocolos individualizados, sempre levando em consideração fatores como idade, reserva ovariana e a resposta hormonal esperada de cada paciente.

Os principais medicamentos utilizados são:

  • Gonadotrofinas (como FSH recombinante e hMG): estimulam os ovários a desenvolverem múltiplos folículos no mesmo ciclo.
  • Agonistas ou antagonistas do GnRH: impedem a ovulação precoce, permitindo o controle preciso do momento da coleta dos óvulos.
  • HCG ou agonista de GnRH para o disparo ovulatório: promovem a maturação final dos óvulos, preparando-os para a punção ovariana.
  • Medicamentos de suporte, como progesterona ou corticoides: utilizados conforme a necessidade, com foco na segurança e na eficácia do tratamento.

Esses medicamentos são administrados por via subcutânea, geralmente em aplicações diárias que a própria paciente pode fazer em casa, após orientação durante a consulta. 

Como é feito o acompanhamento durante essa fase

O acompanhamento médico é essencial para o sucesso do congelamento de óvulos. Como cada paciente responde de forma diferente à estimulação hormonal, o monitoramento contínuo possibilita ajustar o tratamento conforme necessário.

Durante os 10 a 14 dias de estimulação, realizo ultrassonografias transvaginais seriadas para acompanhar o crescimento dos folículos ovarianos, além de exames hormonais, como estradiol e LH. Com esses dados, consigo ajustar as doses dos medicamentos para garantir uma resposta segura e eficaz.

Quando os folículos atingem o tamanho ideal, faço a punção ovariana, um procedimento simples, com sedação leve, que permite a coleta dos óvulos com precisão e conforto, sempre em ambiente seguro e controlado.

O que esperar da terapia hormonal

É comum surgirem dúvidas sobre os efeitos da terapia hormonal. Com os protocolos atuais e acompanhamento próximo, a maioria das pacientes tolera bem essa fase.

Entre os efeitos mais comuns, estão:

  • Inchaço abdominal leve.
  • Sensibilidade nas mamas.
  • Oscilações de humor.
  • Cansaço.
  • Pequeno ganho de peso transitório (por retenção de líquidos).

Esses sintomas são temporários e desaparecem após a coleta. A Síndrome de Hiperestimulação Ovariana (SHO) é rara quando o protocolo é personalizado e bem monitorado — como faço em todos os casos.

Mais do que prescrever medicamentos, minha missão é oferecer um acompanhamento completo e acolhedor, unindo segurança clínica e apoio emocional.

Quando considerar o congelamento de óvulos com preparo hormonal

A decisão de congelar óvulos é pessoal e deve ser feita com base em informações claras e orientação médica. Em alguns casos, no entanto, essa estratégia é especialmente indicada para preservar a fertilidade com mais tranquilidade e previsibilidade.

Costumo recomendar a criopreservação com preparo hormonal individualizado nas seguintes situações:

  • Mulheres acima dos 35 anos que ainda não têm filhos e desejam preservar a fertilidade diante da queda natural da quantidade e qualidade dos óvulos.
  • Baixa reserva ovariana, identificada por exames como o hormônio antimülleriano (AMH), que avaliam a resposta dos ovários à estimulação.
  • Endometriose, principalmente quando compromete os ovários ou há indicação de cirurgia, pois pode impactar a fertilidade.
  • Tratamentos oncológicos iminentes, como quimioterapia ou radioterapia, que podem afetar de forma significativa e irreversível a função ovariana.
  • Ausência de parceiro, com desejo de manter aberta a possibilidade de gestação futura, em um momento mais alinhado aos planos pessoais ou profissionais.

Nesses casos, a terapia hormonal é usada para estimular os ovários e viabilizar a coleta de óvulos maduros e em quantidade adequada, com qualidade compatível para uma futura fertilização in vitro (FIV).

Quanto antes essa decisão for tomada, maiores são as chances de sucesso. Se você está considerando essa possibilidade ou tem dúvidas sobre o momento ideal, agende uma consulta comigo.

Vamos conversar com calma, avaliar seu perfil hormonal e traçar, juntas, o melhor caminho — com segurança, clareza e cuidado.

Dra. Tânia Schupp
Ginecologista Obstetra, Especialista em Medicina Fetal e Reprodução Assistida
CRM-SP: 81750 | RQE: 56376 / 563761 / 563762

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