Congelamento de óvulos: uma decisão estratégica para mulheres em tratamento hormonal
Postado em: 21/04/2025
Os Tratamentos Hormonais indicados para condições como endometriose ou miomas podem impactar diretamente a reserva ovariana e a qualidade dos óvulos, reduzindo as chances de uma gestação no futuro.
Nesses casos, o congelamento de óvulos se apresenta como uma alternativa segura e eficaz para preservar a fertilidade, seja antes ou durante o tratamento.
Essa estratégia permite que a mulher cuide da sua saúde no presente sem abrir mão do desejo de engravidar no momento mais adequado.
Neste artigo, vou explicar como os tratamentos hormonais podem afetar a fertilidade feminina, quando o congelamento é recomendado e quais são os principais cuidados envolvidos nesse processo. Acompanhe e tire suas dúvidas!
Por que tratamentos hormonais podem comprometer a fertilidade?
Os tratamentos hormonais sugeridos para endometriose, miomas uterinos ou câncer de mama são essenciais para a saúde da mulher, mas podem impactar negativamente a reserva ovariana e a função dos ovários, dificultando uma gestação futura.
Compreender esses efeitos e considerar estratégias de preservação da fertilidade é fundamental para quem deseja engravidar em outro momento da vida.
Ao longo da minha prática clínica, acompanhei muitas mulheres que iniciaram tratamentos hormonais para controle de doenças ginecológicas ou terapias oncológicas. Embora indispensáveis, é importante saber que esses protocolos podem afetar a fertilidade.
Alguns hormônios reduzem temporariamente a função ovariana; outros aceleram a perda dos folículos, estruturas que contêm os óvulos, o que leva a uma diminuição mais rápida da reserva ovariana.
Em casos mais complexos, como no tratamento do câncer, pode ocorrer dano irreversível aos ovários ou à qualidade dos óvulos.
Entre os protocolos que exigem atenção especial, destaco:
- Uso de análogos do GnRH no tratamento da endometriose.
- Bloqueios hormonais prolongados no controle de miomas uterinos.
- Terapias hormônio-dependentes, comuns em casos de câncer de mama.
Sempre que há previsão de um tratamento com potencial impacto sobre o sistema reprodutivo, converso com minhas pacientes sobre preservação da fertilidade.
Quando essa decisão é tomada de forma antecipada e bem orientada, a mulher pode cuidar da sua saúde com tranquilidade, sem abrir mão do desejo de ser mãe.
Quando o congelamento de óvulos é indicado
O congelamento de óvulos é uma estratégia valiosa quando há risco de comprometimento da fertilidade, especialmente em tratamentos que afetam a função ovariana.
O ideal é que essa decisão seja tomada antes do início do tratamento hormonal, enquanto a reserva ovariana ainda está preservada. Costumo indicar o congelamento principalmente para:
- Mulheres com endometriose avançada, com risco de perda da função ovariana.
- Pacientes com miomas uterinos, que precisarão de tratamento hormonal prolongado.
- Mulheres com câncer de mama hormônio-dependente, que desejam preservar a possibilidade de engravidar no futuro.
- Casos com histórico familiar de menopausa precoce, que podem indicar tendência à redução precoce da fertilidade.
Mesmo quando o tratamento já foi iniciado, ainda é possível avaliar a viabilidade do congelamento, desde que a paciente esteja clinicamente estável e haja tempo hábil para realizar a estimulação ovariana com segurança.
Cada caso é analisado de forma individualizada, respeitando a saúde e os planos reprodutivos da paciente.
Como funciona o processo de congelamento de óvulos
É comum que muitas pacientes cheguem ao consultório com dúvidas sobre o congelamento de óvulos. Sempre explico de forma clara e realista: trata-se de um procedimento seguro, rápido e bem estabelecido dentro da medicina reprodutiva.
As etapas incluem:
- Avaliação da reserva ovariana, com exames hormonais e ultrassonografia.
- Estimulação ovariana com medicações por aproximadamente 10 a 12 dias.
- Acompanhamento com ultrassons e exames de sangue para monitorar a resposta ao tratamento.
- Punção ovariana, realizada sob sedação leve, para coleta dos óvulos.
- Congelamento por vitrificação e armazenamento em laboratório especializado.
A recuperação costuma ser tranquila, e a paciente pode retomar suas atividades habituais rapidamente. O mais importante é que os óvulos coletados fiquem preservados com qualidade, aumentando as chances de sucesso em uma futura fertilização in vitro (FIV).
Outros cuidados importantes
O congelamento de óvulos é um passo importante no cuidado com a fertilidade, mas não deve ser encarado como uma decisão isolada.
Em pacientes que estão em tratamento hormonal para o câncer, sempre oriento um acompanhamento integrado entre o especialista em reprodução assistida e o oncologista.
Além disso, é essencial avaliar com atenção:
- O momento ideal para a coleta dos óvulos, respeitando o cronograma do tratamento.
- A segurança clínica da paciente para a realização do procedimento.
- A possibilidade de preservação de embriões, caso a paciente já tenha um parceiro e deseje essa alternativa.
Essa decisão deve ser tomada com calma, informação e acolhimento. Meu papel como médica é garantir que todas as opções sejam explicadas com clareza, realismo e empatia, para que a paciente se sinta segura ao escolher o melhor caminho.
Preservar é planejar com autonomia
Se você está prestes a iniciar um tratamento hormonal e deseja manter a possibilidade de ser mãe, saiba que é possível planejar com segurança. O congelamento de óvulos é uma escolha estratégica que protege sua fertilidade, mesmo diante de desafios de saúde.
Agende uma consulta comigo. Vamos conversar com calma, entender seu momento e construir juntas um plano que respeite sua história, sua saúde e o seu tempo. Estou aqui para caminhar ao seu lado nessa decisão tão importante.
Dra. Tânia Schupp
Ginecologista Obstetra, Especialista em Medicina Fetal e Reprodução Assistida
CRM-SP: 81750 | RQE: 56376 / 563761 / 563762
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