Gestantes e lactantes podem se vacinar contra Covid-19?

Postado em: 22/03/2021

A medicina fetal é uma das minhas especialidades e, ao receber as pacientes gestantes em meu consultório, a dúvida maior é se gestantes e lactantes podem se vacinar contra Covid-19, e é isso que abordaremos no blog, com as informações dos órgãos de saúde mais atualizadas disponíveis.

Vacina contra Covid-19

A vacinação no Brasil começou dia 22 de janeiro de 2021 e a eficácia do imunizante varia de 66% a 95%, uma vez que a formulação de cada vacina disponível no país são desenvolvidas por fabricantes diferentes.

Inicialmente, as gestantes e lactantes não poderiam ser vacinadas contra Covid-19, segundo orientações da OMS, entretanto, após diálogo com as sociedades obstétrica e pediátrica, a organização retificou-se, embora, ainda não haja protocolos que apoiam o uso do imunizante nesses grupos.

A questão é que as vacinas e seus efeitos são conhecidos devido uma série de testes em que pessoas voluntárias se propuseram a participar, porém, neste grupo de amostragem não incluía gestantes e lactantes, o que torna desconhecido os efeitos adversos tanto na mulher quanto no bebê.

Sobretudo, a responsabilidade das fabricantes sobre essas mulheres e sua condição fizeram com que elas não participassem dos testes, o que resta a princípio, são informações baseadas em opiniões de especialistas, já que não há nenhum registro disponível que pudesse agregar na prática.

Gestantes e lactantes podem se vacinar contra Covid-19?

Recentemente, um estudo foi publicado nos Estados Unidos referente às vacinas Pfizer e Moderna, apontaram resultados satisfatórios nas 131 mulheres grávidas e lactantes que participaram.

Diferente dos tipos de vacinas que utilizam o vírus inativado, como a Coronavac, esses imunizantes foram desenvolvidos por um tipo de tecnologia chamado de mRNA, que utiliza material genético que codifica instruções para as células construírem proteínas.

O resultado, então, foi a presença de anticorpos tanto no sangue da gestante quanto no leite materno, entretanto, não se sabe qual o volume dessa dosagem e sua respectiva proteção para mãe e bebê.

Além disso, os riscos para o feto ainda não foram estudados, o que então, cabe um diálogo entre gestante e obstetra para a tomada de decisão sobre se imunizar ou aguardar mais resultados comprobatórios da eficácia e dos riscos envolvidos.

Contudo, no Brasil, as vacinas disponíveis até a presente data são a Coronavac da fabricante SinoVac, e Oxford, da farmacêutica Astra-Zeneca. Embora sejam aprovadas pela ANVISA, não possuem segurança e eficácia comprovada para mulheres grávidas e em amamentação, uma vez que ambas utilizam carga viral na fabricação.

No caso de mulheres gestantes apresentarem as condições abaixo, que as classifiquem como grupo de risco, uma conversa com o médico que acompanha o pré-natal é importante, para orientar se ela deve ou não tomar a vacina, sob conhecimentos dos dados disponíveis e não disponíveis:

  • Receptoras de transplante de órgão;
  • Apresenta problemas respiratórios graves (fibrose cística e asma grave);
  • Mulheres que possuem anemia falciforme;
  • Pacientes de terapias de imunossupressão;
  • Pacientes de doença renal crônica, ou que precisam de diálise;
  • Doença cardíaca, congênita ou adquirida;
  • Profissionais que atuam na linha de frente contra o Covid-19;
  • Gestantes com Idade acima de 35 anos;
  • Obesidade;
  • Diabetes;
  • Hipertensão (pressão alta).

Calendário da Gestante

A princípio, a mulher que deseja engravidar precisa estar atenta aos cuidados referentes à reprodução humana tempos antes da concepção, inclusive no atual momento em que vivemos, a fim de evitar que alguma doença seja transmitida para o feto, bem como, prejudicar o andamento da gravidez.

E a partir do momento em que descobre que uma gestação se inicia, a vida da mulher passa a ser focada em atitudes saudáveis que ajudam o feto e que também forneça boas condições para o momento do parto.

A saber, cada trimestre da gestação é marcado por acontecimentos físicos e biológicos, e com eles, exames específicos e a vacinação são realizados no período adequado, e que a mulher não deve deixar de fazer.

Isso porque, doenças virais podem afetar o bebê ainda na barriga da mãe e para evitar que a vida desse ser seja limitada e até mesmo abreviada, seguir a recomendação médica é fundamental.

Dentre as vacinas importantes durante a gestação podemos citar:

  • Influenza pode ser tomada em qualquer período gestacional;
  • Hepatite B indicada no segundo trimestre da gestação;
  • Tríplice bacteriana (dTp) indicada a partir da 20ª semana de gestação.

Há outras vacinas que podem ser indicadas a depender do local em que a gestante se encontra.

Além das vacinas, exames e hábitos saudáveis, o acompanhamento pré-natal é importante para que a obstetra possa avalizar as condições físicas da futura mamãe, bem como, tirar dúvidas que à medida que avança a gestação vão surgindo, e assim, amenizar as preocupações comuns, que precisam de um suporte profissional durante esse período.

Informar a médica sobre qual tipo de parto deseja realizar e como se preparar para ele é importante e deve ser feito com antecedência, até para ter ciência como será o pós parto, se precisará de uma ajuda extra e tudo mais.

Amamentação e os cuidados essenciais

Em primeiro lugar, considerar que a proteção contra o coronavírus é primordial para a mamãe, que também deve proteger o seu recém-nascido, principalmente nas consultas dos primeiros dias de vida.

Neste caso, toda a família deve ter consciência e buscar meios de evitar que a doença atinja um dos membros, portanto, cuidados com a higiene farão parte da rotina, especialmente para os que trabalham fora de casa.

Para a lactente, os cuidados essenciais se referem à sua própria alimentação que deve ser balanceada e com muita ingestão de água e ter momentos de descanso sempre que possível, e até aproveitar enquanto o neném está dormindo.

Nos cuidados com o recém-nascido, vão desde a escolha de produtos de higiene e limpeza das roupas que devem ser neutros, evitando alergias, além da assepsia do umbigo que deve ser feita com cautela para a boa cicatrização.

A nova mamãe ainda pode contar com a obstetra e pediatra para tirar dúvidas quanto aos primeiros cuidados com o bebê, e assim fazê-los de forma mais segura e tranquila.

A visita ao ginecologista é importante especialmente para as gestantes e lactantes. Agende sua consulta e tire suas dúvidas sobre a vacina contra Covid-19.

Artigo escrito pela Dra. Tânia Schupp

Especialista em ginecologia, obstetrícia, medicina fetal e reprodução humana


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